quinta-feira, 28 de julho de 2011

Enfim, férias de 15 dias no Brasil

Esse dia parecei não chegar mais. Marquei a passagem 43 dias antes da data, cada dia que se passava parecia ficar mais distante, já não gostava mais nem de falar sobre o assunto, tudo que eu queria era ver minha filha. Na última semana eu tinha quase que certeza que eu ia infartar antes de embarca ou no vôo, que alguma coisa ia acontecer. CHEGOU O DIA!!! Meu vôo estava marcado para as 6h da manhã, então, eu teria que estar no aeroporto as 4h, para estar no aeroporto as 4h, eu tinha que sair de casa as 2h, para sair de casa as duas horas eu precisaria começar a me arrumar a 1h, para começar a me arrumar a 1h eu tinha que começar a checar tudo as 24h, pronto, melhor nem dormir, teria 12 h de vôo pela frente, vâmbora, não dorme. No dia anterior eu havia pedido para a minha mãe aqui de Dublin me dar um calmante, ela me olhou e perguntou: _Você quer relaxar ou dormir??? E eu, que me cago de medo dos desafios da gravidade respondi que queria dormir. Ela me deu um calmante de 7mmg, claro que fui ver a dosagem quase uma semana depois. Chegou 23h da noite anterior a mãe aqui da casa me olhou e perguntou se eu estava daquele jeito, devia estar dando na cara meu apavoro e desespero, ela perguntou se eu estava com frio ou nervoso, respondi que não sabia, então ela me convidou para beber alguma coisa. Bem, tomamos uma garrafa e meia de vinho, depois eu emendei com três long neck. Fiz a liga, coquetel do mal, estava bêbado. Fui para o aerporto. Embarquei para Amsterdam, cheguei lá cinco minutos atrasado do meu vôo para o Brasil, minha chance de comer algo no aerporto, eu estava famindo, caiu para 0%. Embarquei, esperei, esperei e o avião não decolava, na terceira vez que o piloto fala no auto falante eu entendi o que estava acontecendo, haviam três passageiros que embarcaram as malas e não apareceram. Certamente perdidos dentro do aerporto. Havia um senhor do meu lado, alguém que já conhecia boa parte do mundo, morou em alguns lugares, e ele queria saber muita coisa a respeito da Irlanda, uma vez que nunca veio para Irlanda. Mas eu estava com meu coração na mão, desesperado, e sem vontade nenhuma de conversar, e, na boa, isso é natural, mas o cara estava com um mau hálito desgraçado, estava me derrubando. Pronto, chegou a hora, vamos tomar a super pílula adormecedora. Tomei um comprimido, pedi água para a aeromoça e tomei um comprimido. Mais meia hora se passou e nada, nada do avião decolar e nada de o comprimido fazer efeito. E o cara do meu lado blá-blá-blá, blá-blá-blá. Bem, não me via em outra alternativa a não ser tomar outro comprimido. Xazam!!! Acordei depois de duas horas, estávamos no ar. Dormi novamente.... acordei, dormi, acordei.... Mal tenho lembranças desse vôo. Acordei pra realidade duas horas antes de aterrisar. Mas eu estava ancioso, demais. Não queria mais nada no planeta a não ser ver minha filha. Meu Deus, duas horas infernais, eu estava desesperado..... Bem, eu queria me sentir melhor. Tinha duas alternativas, ou pedia alguma bebida alcoólica ou tomava outro comprimido... Não ia fazer bem eu beber algo alcoólico, então, tomei o terceiro comprimido.
Desci em território nacional, não tenho lembrança do horário, e nem de quase nada, só de que saí do portão de desembarque sem as malas. Fui fazer o chek in para Floripa e a atendente perguntou: _Você está vindo da Irlanda e não tem bagagem??? Você está bêbado??? Jesus, eu parecia estar drogado, aliás, depois de 21 mmg de %¨¨%$ ína, realmente, até parece... até parece mesmo..... Precisei fazer plantão no portão de desembarque, esperar todo mundo pegar suas malas para eu retirar as minhas. Fiz um lanche, comi pizza brasileira, sem spice, sem pimenta.... Paraíso.... Embarquei e cheguei em Floripa as 24h. Meus grandes amigos, Carla, Mere e Felipe foram me pegar no aerporto. Direto para pegar minha filha, isso já passava da 1h da manhã.... Meu Deus, eu parecia que ia parir um liquidificador. Chequei na casa dela e lá estava ela, dormindo é claro, uma e meia da manhã... Mas foi a melhor sensação dos últimos seis meses.

Pisar no chão brasileiro realmente não me fez sentir nada. Talvez por que a anciedade de reencontrar minha filha fosse maior que tudo que eu estava sentindo. Mas eu fui orientado por alguns brasileiros perceber bem o que eu ia sentir ao pisar no Brasil, que seria uma emoção incrível. Não sei não, não senti emoção nenhuma. Emoção foi rever minha filha... Meu Deus, cheguei e ela estava lá, dormindo como é, um anjo. Peguei minha filha e fui para Tubarão na mesma madrugada. Foi realmente paradisíaco estar ao lado dela, é tão pequena e tão frágil. Isso era quarta feira, quinta, sexta... Sexta feira reencontrei pessoas realmente importantes para mim. Fiquei realmente feliz com as pessoas que apareceram. Bebi muito!!! Eu precisava tomar aquele porre de SKOL. Dentre as cervejas existentes em Dublin, nada se assemelha a boa e velha skol. Estava tão ruim que não consegui tocar e tocar uma música ao menos... No sábado minha filha estava com febre, então não fiz nada, fiquei com ela. Depois disso fui para Laguna, Floripa, um tour....
Quarta feira seguinte fui para Penha levar minha filha no Beto carreiro, chegando lá não tinha luz. O que eu, um pai, iria fazer depois de criar tanta expectativa na cabeça de uma criança de 4 anos... foi lamentável ver seus olhos brilhando diante de tanto brinquedo, tantas cores, olhar para ela e dizer que não poderíamos entrar... Massante.... Eu senti vontade de chorar. Resolvi então de última hora levá-la em Balneário Camburiú. Direto para o bondinho, show de bola, batemos várias fotos, e a parte mais penosa foi, andar no bondinho. Eu as vezes invento coisas que eu não posso suportá-las. Desafiar a lei da gravidade para mim é algo realmente drástico, tenho realmente a sensação de morte. Quando o bondinho saiu andando minha filha me olhou e disse: _Pai, você está com medo??? Eu certamente deveria fazer cara de pânico. Que segurança tem um bondinho que fica a dezenas de metros de altura do chão??? Inconsiderável. A noite caiu e eu precisava procurar um hotel. Agora sim, eu imaginava que o bixo poderia pegar, por que eu não tinha nenhum documento comprovando que minha filha é, de fato, minha filha. Parei num hotel, não, vc não pode ficar. Jesus, qualquer pessoa que olhe para minha filha diz que é minha filha... Mas, eu estava sem a mãe. Outro hotel, a mesma coisa. Isso é impressionante, por que eu perguntei para o recepcionista do hotel se, ele pedia documento de todas as crianças, e ele respondeu que não, quando está com a mãe eles não pedem, então eu fiz a pergunta: _Mas o que te garante que a mulher que está junto é a mãe da criança?? Claro que eu fiquei sem resposta. No terceiro hotel eu já cheguei contando o acontecimento, ok, sem problemas, eu pude ficar. Fomos jantar, ahh.. eu comi camarão....
No dia seguinte, direto para o Beto Carrero. Incrível, 15h, e eu morto de tanto andar, e minha filha disposta. Eu realmente me saciei em ver sua felicidade. Tirei dezenas de fotos, passeamos, comemos, rimos, choramos, eu e ela. Brilhante!
Depois disso voltei para Laguna, Tubarão, Floripa e.... .....Embarque, rumo Ireland.

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