quinta-feira, 28 de julho de 2011

Problemas com a polícia

Nunca pensei que na minha vida eu teria problemas com a polícia onde quer que seja. Nunca estamos escape. Não é com frequencia que tenho consumido bebida alcoólica, por motivos maiores tive que parar com essa merda. Dia 22 de maio de 2010 foi meu aniversário, caiu justo num sábado, dia de farra. Pedi folga no pub para poder fazer uma festinha para meus amigos, fiz um churrasco a irlandesa para alguns amigos brasileiros e irlandeses. Estava bebendo uma pint de Heineken shand, que não passa da mistura de cerveja com sprite, você coloca meio copo de sprite e meio copo de cerveja, assim, não fica bêbado tão rápido. Geralmente quem dirige bebe isso, que aí pode beber duas pints e consumiu o álcool de apenas uma. Então, fiz um churrasco no pub que eu trabalho, estava lá, tudo muito bem, tudo muito bom até que alguns clientes descobriram que o churrasco no jardim era comemoração do meu aniversário. E alguns foram até lá me dar parabéns e perguntaram no bar o que eu gostava de beber, por que queriam pagar um drink pra mim. No bar, todos me conhecem e falaram que minha melhor pedida era Wiskye com coca. Recebi o primeiro presente, um copo de wiskye com coca, e foi mais um, mais um, mais um... e mais.... o dia inteiro bebendo aquele trem. Ficamos pra noite, teve uma bandinha tocando na rua, estava muito divertido, até que o pub fechou. Bêbado não realiza nada, fui embora dirigindo. No caminho pra casa pensei em ir para o centro da cidade. Só uma pessoa como eu pra não ter a mínima noção do que estava fazendo. No caminho pro centro eu nem vi carro atrás de mim, só escutei o barulhinho.. uhuuuuuu uhuuuuu..... a polícia.
Parei o carro, o policial veio na minha porta e a primeira pergunta foi: _Por que você está dirigindo tão devagar?
_Por que não estou com pressa.
_Onde você está indo?
_Pra casa.
_Você bebeu alguma coisa?
_Sim, duas pints de heineken shand.
_Você se importa de fazer bafômetro?
_Não, sem problemas.
Soprei naquele canudinho e o policial disse:_Você está mentindo. Você pode descer do carro?
Eu desci do carro e em segundos eu passei pela pior parte da minha vida, eu fui algemado.
Pra quem já foi algemado, deve ter sentido algo se tem um pouco de moral, pra quem não foi, por favor, não façam nada de errado. Lembrei da minha filha no momento, estava me sentindo o pior infrator da lei, embora não ter matado e nem roubado ninguém.
Fui pra estação da polícia (garda station), quieto, calado... sem falar um nada. O carro não era meu, eu sou um estudante nesse país, não sabia o que poderia acontecer. Chegando na estação da polícia, todos muito, mas muito educados, começaram a fazer várias perguntas, preencher a ficha... foda isso... fui levado pra outra sala onde faria um teste pra saber o quanto de álcool tinha no meu sangue, uma máquina gigante. Enquanto isso, todos os policiais, 4 policiais, ficavam me fazendo perguntas pessoais, bate papo sabe, descontraídos. Fui liberado depois de umas três horas. Agora começava uma nova etapa; retirar o carro que estava preso.
Eu precisava de alguém com carteira de habilitação irlandesa para fazer isso. Fui com um amigo irlandes até lá no dia seguinte, mas, somente lá eu soube que eu precisava de uns documentos do seguro do carro. Tive que ir pra casa e contar pra minha família tudo o que tinha acontecido. Nervoso, expliquei, e graças a tranquilidade da mãe da casa onde moro tudo foi muito tranquilo. Ela me entregou os documentos e voltamos lá para buscar o carro, tudo certo, tudo em dia, mas, onde estava o carro??? Ninguém sabia. Foi um tal de liga pra cá, liga pra lá, e nada. Duas horas depois eu recebo a ligação do policial que apreendeu o carro me informando pra onde ele tinha mandado o carro. Só por Deus. Fomos lá e retiramos o carro, sem pagar nada. Até aqui. Então recebi uma folha que eu teria que ir pra corte em quinze dias. Vou escrever acima o que se passou na corte.

voltando a escrever 10-2010

Então, depois de um ano sem escrever nada aqui, estou aqui, novamente. Foi exatamente um ano sem acessar este site. Mas agora, estou aqui novamente. Ainda continua na Irlanda, não tenho feito mais nada além de trabalhar, trabalhar e trabalhar. Minha irmã costumava dizer que o trabalho dignifica o homem, no meu caso, está acabando comigo, precisa-se mesmo ter um trabalho pra ter dignidade??? risos.
Tenho trabalhado sete dias por semana, tive uma semana de foga quando fui pra amsterdam, mas depois vou falar disso, dessa viagem para Bélgica e Holanda. Realmente aconteceram muitas coisas aqui que estão dando o que falar, aliás, deram o que falar, nunca tenho estado tão na minha como nos últimos tempos. E a saudade de casa ainda aperta, só por Deus. Saudades da minha filha, da minha família, pai, mãe, cachorro, galinha...... Deus que me perdoe, não sinto saudade da vida brasileira. Mas, sinto falta do Brasil, do calor humano. Ainda não sei quando volto, tenho muitos lugares ainda pra visitar, só Deus sabe

Abstinência - 17-8-2009

A cada dia que passa eu passo a adminirar ainda mais meu pai. Desde que fui para o hospital e fiquei internado uma semana eu não coloco o maldito do cigarro na boca. Que isso não é de Deus todo mundo sabe, mas o quanto é difícil parar de fumar, isso ninguém sabe, somento os ex-fumantes ou quem já tenha parado alguma vez. O cigarro está na minha vida faz 16 anos completos. Como tive que ficar internado e fiquei por uma semana no hospital sem fumar, quando fui, já fui decidido, já tinha dito pra minha irmã minutos antes de sair de casa: _Me deixe fumar meu último cigarro! E assim fiz. Voltei pra casa no sétimo dia. Hoje fazem dez dias sem a maldição. A química sobre o corpo é muito forte, tenho comido pelos olhos, ouvidos e narinas. É uma sensação que não dá para explicar, já fumei vários cigarros apagados, coisa de maluco mesmo, mas não posso deixar que todo esse tempo sem a maldição caia por terra. Já senti vontade de chorar, já me vi desesperado como um último segundo de vida, já senti frio, sede, dor, calor, desânimo.... A boca enche de aftas, a garganta inflama, li que isso é normal, pois o cigarro, além das bactérias boas, também matava as ruins, servia de anti-corpos para a boca, por dezesseis anos meu corpo não precisou criar anti-corpos na minha boca, agora, precisa voltar a fazer isso. A nicotina é uma merda!!! Hoje comprei aquele adesivo que se cola na pele, vamos dosar isso, estou desesperado. Penso no futuro, vi coisas terríveis no hospital envolvendo respiração, tenho respirado melhor, tenho me sentido melhor fisicamente, não psicologicamente! Minha profunda admiração aos ex-fumantes. O cigarro estava na minha vida fazia 16 anos, fumava uma carteira por dia, isso eu conto para os outros, mas, estava fumando mais, trabalhando a noite, não é mole não. Fico pensando no meu pai que fumou o dobro disso, o dobro de cigarro por dia, o dobro do tempo e parou assim, por si só. Parar de beber também vai ser outra meta, não vou parar de fumar sem parar de beber, bebida pede cigarro, é um acompanhante, como comer feijão com arroz, não tem graça nenhuma comer feijão sem arroz, é possível, mas não tem graça. Bem, mais um dia se passou. Agradeço a Deus por mais um dia. Agradeço minha irmã também!

Doente longe de casa.. nunca é bom

Uma semana dessas minhas pernas começaram ficar ligeiramente cansadas ao trabalhar, o trabalho estava me exaustando a ponto de eu ficar pensando que já não tinha mais idade para fazer o que faço. Uma semana depois o corpo inteiro começou a doer, uma dor muscular e na juntas do corpo. Estranho, como quem vai para a academia pela primeira vez e fica todo estourado. Estava eu desse jeito. Passou mais uma semana, já na terceira semana eu estava realmente ruim, era todo o corpo dolorido, pernas e braços cansados, estômago enjoado, estava um lixo. Espereia família voltar dos Estados Unidos, estavam todos de férias, já não tinha trabalhado sexta, sábado eu fui, domingo eu não consegui me mexer na cama. A família chegou e eu procurei um médico e fiz exames. O resultado, inflamação no fígado. Tudo muito doido por que não existe um tratamento além de cama, e a inflamação estava realmente avançada. Esperamos mais uma semana, e mais uma, não tive como escapar; fui internado. Como no Brasil, fiquei horas no corredor aguardando por leito, a direferença é q não esperei para ser atendido. Fiquei das 7 da noite até as 4 da manha no corredor. 4 horas um enfermeiro me chama e me avisa que já tinha um leito disponível. Quero lembrar que fiquei no corredor, mas fiquei numa cama, não fiquei no chão... risos...
Não se vê gente jovem no hospital, somente idosos. Os quartos são como os do Brasil, talvez um pouco maior, tem seis camas por quarto, e são todos dividigos por cortinas, onde você fecha ela e fica no seu quadrado.
Do meu lado esquerdo tem um senhor de uns 80 anos que chama a Sheila dia e noite, ele não dorme, agora começaram a dopar ele durante a noite, por que ele não dá sussego. No começo achava que era sofrimento, mas agora já estou achando que é confiado mesmo. Quando a mulher dele está aqui ele fica quietinho. Mas, a gente respeita. Do meu lado direito tem outro senhor que também tem uns 80 anos, ele está sem a metade do pé, sei disso por que está enfaixado, e o pé dele está pela metade. Na minha frente tem um senhor que dorme o dia inteiro, simpático, mas não fala, a mulher dele vem todo dia fazer a barba dele com um barbeador, ele não tem movimentos, só a cabeça. Do lado esquerdo dele tem outro senhor de uns 80 também, ele tem algo no nariz, o nariz dele está vermelho cor de sangue, mas só um pedaço, como se estiver com um coágulo, algo estranho, e do outro lado tem um cara de uns 40 anos que tem algo no estômago, em função disso a cara dele parece a bunda de um babuíno.
O atendimento do hospital é ótimo, a comida também, enfermeiros e enfermeiras são educadíssimos, boa parte são estrangeiros. E eu estou aqui, sentado na minha cama, repousando, esperando o tempo passar. Tic tac, tic tac....

Chegando em território nacional - maio 2009

Trouxe meu violão de forma ilegal, por que temos o direito de ter uma bagagem de mão de até 10 quilos, somente uma, eu fiz meu check in em Dublin e neste momento eu deixei o violão bem longe de mim. Entrei na aeronave e ninguém me disse nada, graças a Deus. Fiz a escala em Madrid, sem problemas, São Paulo para Floripa também sem problemas. Em Floripa eu vi meus pais no aerporto quando desci do avião, logo, ancioso, corri para sala da esteira e larguei o violão num canto, peguei minhas malas e vâmbora... Direto pra casa da minha filha, pegar ela, morrendo de saudades. Encontrar minha filha depois de seis meses distante é uma das melhores coisas da vida. Peguei ela e fomos para tubarão, uns 15 km depois na BR 101 eu lembro que esqueci meu violão, depois de tanto trabalho com ele, esqueci no aerporto de Florianópolis, Jesus, volta, corre para o aeroporto por que estou no Brasil, não em um dos países da europa. Chegando lá, graças a Deus a Infraero guardou a viola. Fez um monte de perguntas para se certificar de que realmente aquele violão era meu e me entregou. Rever a cidade, o estado, isso me deixa muito bem, isso é bom, depois de passar tanto frio com o inverno europeu. Fiz uma pequena festinha na casa dos meus pais, algumas pessoas apareceram, outras, não. Isso me deixou um pouco chateado, mas, faz parte. Passei alguns dias em Tubarão, depois fui para Laguna, fiquei somente com minha filha, eu e ela. Foi o melhor período, o mais aproveitado. Ela está grande, outro vocabulário, está diferente, está ótima... As vezes gostaria que ela fosse maior para podermos ir até um bar e beber juntos, outrora, gostaria que ainda fosse um bebê, pra sempre, sempre protegê-la, sempre tê-la aos meus braços. Isso é confuso na minha cabeça. Tive alguns contratempos como um maluco que bateu no carro da minha mãe comigo dirigindo, e o cara ainda fugiu, atravessei Tubarão atrás do sujeito, até que ele parasse. Quando parou só faltou chorar, por que faltava 5 dias para ele pegar a habilitação dele, um santana meio velho e o cara ainda estava bêbado. Foi cômico e nervoso ao mesmo tempo, não é todo dia que se bate o carro. Fiquei quase trinta dias no Brasil e tenho a impressão de que não fiz nada, minha filha ficou comigo todos os dias e tenho a impressão de que não aproveitei o quanto deveria, agora, estou contando os dias para que não chegue a terça feira, embarco dia dois de junho, preciso voltar para Dublin, voltar ao trabalho, voltar a ganhar dinheiro, mas, preciso ainda aproveitar melhor minha filha. Desta vez está mais complicado deixar o país, ou melhor, deixar minha filha. Mas é preciso, no momento. Saí na noite tubaronense e achei muito estranho, voltei a lembrar de como é o comportamento do Brasileiro, não que seja ruim, mas estava já acostumado com o comportamento do irlandês que são muito amigáveis. É estranho, é diferente.

Brasil.... embarcando... maio 2009

Demorou mas o dia chegou. Acordei muito cansado, marquei a passagem para terça feira para que pudesse me organizar na segunda, mas, não tinha a mínima noção de que segunda-feira seria feriado. Sábado teve a bendita festa do pijama onde eu trabalhei como a muito tempo não trabalhava, domingo e ainda segunda. Foi bom, horas a mais, dinheiro a mais, mas eu precisava me organizar para viajar para o Brasil. Morto, morto, morto. Embarquei em Dublin para Madrid no meio da tarde, em Madrid uma correria por que estava em cima da hora, mas, sempre ficamos um tempo esperando. Me desloquei até a área de fumantes e lá tinha um cidadão vestindo uma camisa da seleção brasileira falando sozinho. Pessoa doida, totalmente. Embarquei na aeronave e junto, no vesmo vôo havia uma tropa de judeus, adolescentes que foram visitar os campos de concentração na Polônia. E ninguém sentava do meu lado, derrepente, eu avisto no corredor o dito cujo vestindo a camisa da seleção brasileira de futebol. Eu pensei naquele momento que havia centenas de lugares na aeronave e eu não poderia ter a falta de sorte suficiente para aquele sujeito com cara de maluco sentar do meu lado. Não tenho preconceito, mas o cara tinha cara de maluco. Enfim, pum, o cara tinha seu acento ao lado do meu. Chegou todo marcando território, falando pelos cotovelos, eu, cansado, querendo dormir de uma vez e acordar no Brasil. Minha gente, esse cara baixou a falar e não parava mais. Perguntou se eu acreditava em milagres, eu respondi que sim, e ele já começou dizendo que fazia muitos milagres. Tomei o remedinho para dormir e lá fui sono a dentro. Lembro que uma hora acordei e havia uma mulher conversando com ele em pé no corredor, dizendo que as meninas que estavam ao lado dele queriam ficar quietas, só isso... o cara estava enchendo a paciência de todos, ele não dormia e falava todo o tempo. Falou coisas absurdas, como, ressucitou mortos em Madrid, que fazia muitos milagres, que se chamava Jesus. Eu estava a ponto de pedir para alguma atendente de bordo me trocar de lugar por que aquilo estava ficando demais, mas não dei trela para o cara, fiquei com o mp3 na orelha, hora ligado, hora desligado, e eu não respondia nada do que ele perguntava. O cidadão morou 6 anos nos Estados Unidos, 4 anos no Canadá e 4 anos na Espanha, fluente em três línguas, e, doente. Quando a aeronave pousou em São Paulo ele me olhou e disse: _Ninguém sabe disso, mas o avião caiu no mar e eu fiz o milagre de colocar novamente no ar, ninguém sabe disso, foi apagado da memória de todos, mas eu fiz esse milagre, eu sou um milagreiro.... Eu olhei para o cidadão, bem nos seus olhos e disse: _Muito obrigado!!! De fé, obrigado!!!

Mais um dia daqueles, saudade...

Quando mais o tempo vai passando mais a saudade vai apertando. Fica cada dia mais difícil. Embora esteja num lugar onde eu realmente goste, a falta da minha filha me deixa pra baixo. Cada dia mais difícil. A vontade de vê-la, de sentí-la, de poder abraçar, poder beijar. Inesplicável, somente sentir a presença. É um sentimento que nunca senti antes por ninguém, difícil de explicar. E é impressionante como as pessoas próximas de mim são frias quanto a isso. Tem gente que me diz que eu preciso aguentar. Na vida precisamos aguentar tanta coisa que é inevitável como impostos, o mau tempo, o mau humor das pessoas, a violência, a pobreza, a fome. Não podemos fazer nada por isso, mas as coisas que podemos fazer, por que não??? A frieza de quem tem filhos e me diz que eu devo aguentar. Isso está me aborrecendo um pouco, me deixando realmente triste e ao mesmo tempo distante. Nas horas difíceis nós vemos quem realmente nos ama de verdade. Hoje está difícil conviver com a saudade, muito difícil. Peço à Deus, força. Só isso.